Acredito que nada substitui a verdadeira obra de arte, mas a imersão proposta pelo Atelier des Lumières, em Paris, é uma experiência encantadora. Até 31 de dezembro de 2019, a grande estrela é uma exibição com obras do pintor holandês Vincent Van Gogh (1853-1890). Intitulada Noite Estrelada – mesmo nome de dois dos quadros mais famosos dele – a mostra mistura música e pintura projetadas em 10 metros de altura.
Confesso que, inicialmente, fiquei decepcionada com o Atelier porque esperava um lugar enorme onde que eu passaria o tempo todo andando observando as obras de Van Gogh. Mas, na verdade, é um galpão enorme onde as pessoas ficam sentadas (e até mesmo deitadas) contemplando as obras de arte.
Como comprar ingressos?
A exposição sobre Van Gogh está disputadíssima e, por isso, é preciso comprar os ingressos com antecedência no site oficial. Contudo, fique atento porque você precisa escolher o horário exato da visita. O ingresso custa 14,50 euros para adultos, 13,50 euros para idosos, 11,50 para estudantes e 9,50 para jovens de 5 a 25 anos. Crianças de menos de 5 anos não pagam.
Além disso, o Atelier des Lumières está aberto diariamente. De segunda a quinta-feira das 10h às 18h. Enquanto às sextas-feiras e sábados o funcionamento é até as 22h. Aos domingos até segue até as 19h.
Horários e como chegar ao Atelier des Lumières
O Atelier fica no 11ème arrondissement, na 38 Rue Saint Maur. O metrô é sempre a melhor maneira de se locomover por Paris (saiba como funciona o metrô em Paris). As estações mais próximas são a Saint-Ambroise na linha 9 e a Rue Saint-Maur na linha 3. Outras opções que ficam a cerca de 800 metros de distância são a linha 2 (estação Père Lachaise) e a linha 5 (estação Richard Lenoir).
Van Gogh no Atelier des Lumières
Antes de ir ao Atelier, eu tinha lido bastante sobre Van Gogh, e tinha visto obras como a Noite Estrelada no Museu D’Orsay, além de já ter ido ao Museu Van Gogh em Amsterdã. Acho que o Atelier é mais bacana para quem já conhece as obras e a história do artista. Isso porque por lá o nome dos quadros só fica disponível no mezanino. Nas projeções você acaba não sabendo qual é o quadro que está sendo exibido, muito menos qual é a fase do trabalho do pintor.
Uma parte bastante emocionante é quando é exibida uma carta de Van Gogh ao irmão Theo. Além disso, como o quadro A Noite Estrelada se funde ao quadro do quarto do artista. A primeira versão da Noite Estrelada, por sinal, está no Museu D’Orsay, também em Paris, enquanto a versão feita enquanto ele estava internado está no MOMA, em Nova York. Por sinal, o melhor lugar para entender Van Gogh é no museu dedicado ao pintor em Amsterdã, mas há obras do artista por todo o mundo.
A Noite Estrelada
Um dos episódios trágicos da vida do artista foi quando Paul Gauguin ameaçou deixar a casa amarela onde eles trabalhavam em Arles, no sul da França, por divergências. Van Gogh ficou tão perturbado que ameaçou o amigo com uma navalha. E depois, na mesma noite, cortou sua própria orelha, embrulhou num jornal e a deu para uma prostituta.
Após sair do hospital, e preocupado com a possibilidade de ter um novo surto, ele se internou voluntariamente num hospital psiquiátrico onde ficou por três anos. Em 1890, ele deixou o hospital e foi morar em Auvers-sur-Oise, também na França, onde outros pintores estavam. Mas, decepcionado e perturbado, deu um tiro no próprio peito em 27 de julho de 1890, morrendo dois dias depois. Van Gogh só vendeu um quadro enquanto estava vivo – e deixou mais de 2 mil obras.
Outras exibições
Além da exposição A noite estrelada, outras duas obras são exibidas este ano no Atelier. A primeira é Japão – imagens do mundo flutuante. Van Gogh era apaixonado pelo Japão, e daí a ideia de mostrar obras e decorações desse páis. Já a a segunda, Verse de Thomas Vanz é um passeio sobre o universo. Para conferir todos os detalhes dessa segunda é preciso ir ao Studio onde há um bar também.
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Vale a pena visitar o Atelier des Lumières?
O Atelier des Lumières abriu as portas em abril de 2018. Inicialmente, o local era uma fundição, criada em 1835, a Chemin-Vert. E produzia peças para a marinha, locomotivas e motores. Fechou após a crise de 1929, mas ficou abandonado até então. Em 2013, o local foi descoberto pelo dono da Culturespaces que o alugou em 2014 e, depois de 4 anos de obras, abriu o lugar para o público.
Em síntese, acredito que essa é uma excelente atração para quem já veio a Paris outras vezes – e não tem tanta pressa de voltar ao Museu do Louvre, por exemplo. Ou para quem busca algo diferente dos museus tradicionais. A minha dica é passear por todos os lados e, se não tiver apressado, ver a exibição mais de uma vez. Fiquei encantada com a possibilidade de mergulhar num Van Gogh, e fiquei lá umas boas horas, e vi a exibição umas três vezes (dura cerca de 30 minutos).
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