Se você vai casar, logo te perguntam onde será a lua-de-mel. Já se está grávida, a questão agora é saber onde vai fazer o enxoval. Se terminou um relacionamento, perdeu um parente ou está sem rumo, o conselho também é quase sempre viajar para espairecer. E, evidentemente, quando você sai de férias no trabalho os colegas querem saber o que você vai fazer.
Mas quando foi que arrumar uma mala virou sinônimo de felicidade e realização? Quando foi que viajar virou um evento social tão indispensável assim para que mereça fiscalização social.
Faz 5 meses que eu não coloco o pé num aeroporto ou numa estação de trem. Mas o que antes parecia impensável para quem trabalha com turismo como eu, me faz refletir sobre o quanto viajar virou virou praticamente uma obrigação social. E como, deveríamos, dar mais significado ao que fazermos com nosso tempo e dinheiro.
Já escrevi algumas matérias baseadas em pesquisas que mostram coisas do tipo: Viajar traz mais felicidade que casar ou ter filhos. Ou ainda que planejar uma viagem traz tanta felicidade quanto viajar de fato. Não nego que essas coisas possam ser verdadeiras, e sou uma grande adepta da filosofia “viajar é minha terapia”.
Mas com saldo de 1 viagem feita e 2 canceladas este ano, me pego pensando se talvez a gente realmente esteja viajando todas as vezes por amor ou por “obrigação social”.
Por que ir a um restaurante em outra cidade é mais especial que ir no restaurante da sua cidade? Quantos museus conheço em Paris, e quantos eu realmente conheci no Rio de Janeiro? Te garanto que fui mais vezes ao Louvre que a qualquer outro museu do Rio, e só moro em Paris há dois anos.
Viajar precisa ser algo de alma, e não obrigação
Longe de mim negar os benefícios de viajar, mas sempre acho que viajar precisa ser algo de alma, e não de obrigação. Sei que, em breve, quando a epidemia acabar (sou otimista) teremos uma grande gincana entre as pessoas. E aí, já conseguiu viajar? Já marcou as férias? Vai para onde?
Então, caro amante de viagens como eu, meu conselho é que você viaje para onde quiser pelos seus próprios motivos. E se quiser redescobrir sua própria cidade, se trancar numa fazenda no meio do mato ou ir para uma cidade super descolada do outro lado do mundo, vá! Mas vá por você, e não porque viajar virou obrigação social.
Dessa maneira, não é porque você tem dias livres que precisa usá-los para explorar outro lugar. Viaje quando fizer sentido, e não quando você precisar de fotos novas para as redes sociais ou novos cenários para os drinks.
Ainda não tenho viagens marcadas, o bichinho do wanderlust tá me atacando. Mas, minha reflexão é que precisamos ressignificar o viajar. Sou a favor das viagens por amor, por descoberta e por conhecimento. E jamais por obrigação social ou “gincana” de quantos países do globo você conhece.
Como 2020 nos fez ficar em casa, dar valor ao que realmente importa – nossa saúde e nossa família – te convido a fazer essa reflexão junto comigo. E decidir viajar para onde teu coração mandar e, claro, o bolso deixar sem pressões sociais. Viajar é muito mais que isso.
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