SeaWorld, Turismo com animais, Turismo, San Diego

Por que não tenho fotos beijando golfinhos ou abraçando leões

Tomei uma decisão importante há algum tempo: não visito nenhum lugar que apresente animais como entretenimento. Foi difícil, confesso, porque chegar perto de uma orca linda ou ver um elefante é algo que encanta qualquer ser humano. E desde pequenos somos, naturalmente, levados  a zoológicos pelo colégio ou pela família. Mas a cada matéria que escrevo para o jornal contando a história de um deles que sofre, o alerta aumenta.

São muitos os exemplos pelo mundo de leões solitários, ursos polares que nunca viram neve, pássaros que não podem voar livremente, tigres que são maltratados, orcas que são mantidas em tanques pequenos, golfinhos treinados covardemente para fotos e animais dopados para o entretenimento de humanos. Ninguém gosta de falar sobre isso, claro, mas por trás da sua “foto linda” tem um animal sofrendo para ter um comportamento que não é natural dele.

Este ano, alguns casos marcantes já mostram como zoológicos causam problemas. Lembram do gorila Harambe morto quando um menino caiu na jaula dele no zoológico de Cincinnati, nos Estados Unidos? Ou quem sabe da onça Juma que ficou estressada após a passagem da tocha olímpica e acabou morta no zoológico do Exército brasileiro em Manaus? E também do leão que foi morto quando um homem surtado entrou em sua jaula no zoológico de Santiago, no Chile. Tudo isso me faz ter ainda mais certeza que desrespeitamos muito as outras espécies. E não quero ser sócia disso.

A lógica é clara: se a gente deixar de visitar esses lugares, eles deixarão de existir. Em março deste ano o SeaWorld anunciou que não terá mais orcas em seus shows. As que estão lá ficarão até morrer. Foi um pequeno passo, mas uma história que eu gostaria de escrever mais vezes. E tudo mudou porque a população começou a pressionar o parque  e o lucro caiu quando os visitantes deixaram de ir até lá.

Sei que esse comportamento ainda é novo, mas precisamos falar sobre o turismo que explora os animais. Ano passado, uma pesquisa da Universidade de Oxford mostrou que 80% das pessoas que visitam locais com turismo de vida selvagem não perceberam que esses locais maltratavam os animais. E mais: essas atrações têm 40% de todo o turismo no mundo. Talvez por isso o tema ainda não seja muito explorado: ele dá muito dinheiro.

Não tenho fotos abraçando leões, beijando golfinhos ou segurando araras. Tudo isso porque a minha decisão é não ver outras espécies sofrendo. Já fui ao SeaWorld, em zoológicos pelo mundo e em vários parques. Mas não vou mais. Respeito quem faz esse tipo de passeio, mas é algo que parece irracional para mim – e não indicarei por aqui.

Espero que a gente ainda viva num mundo sem zoológicos, aquários e parques que exploram animais. Antes de visitar qualquer lugar desse tipo, por favor questione: esse comportamento é natural desse animal? Ele estaria ali se não fosse explorado ou retirado da natureza? Se a resposta for não, vale repensar sua visita.

PS: A foto acima é do show das Orcas no Sea World, em San Diego, da minha viagem de 2013. Um dos maiores exemplos da exploração animal de todo o mundo Vejam o documentário Blackfish (tem no Netflix) e entendam mais sobre como esses parques funcionam. 

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